sexta-feira, 4 de maio de 2012

RESPIRAÇÃO ORAL II - Estética Facial


            As consequências da respiração oral são danosas e podem interferir na qualidade de vida do indivíduo desde tenra idade até a idade madura.
Para entender melhor vou ilustrar com uma historinha, começando bem do início...
Vamos supor que um bebê com poucos meses de vida desenvolva uma dificuldade respiratória qualquer. Esta por sua vez acabará se transformando em uma doença crônica (do tipo rinite, sinusite, asma) que dificultará respirar predominantemente pelo nariz. Ele ficará com dificuldade de mamar no peito e as mamadas se tornarão curtas, agitadas e o bebê choroso.
O bebê cresce um pouco e entra na fase da alimentação pastosa, continua agitado durante as refeições e come pouco. Chega à fase da alimentação mais sólida que exige que o bebê inicie o treino mastigatório. Então ele elege um lado para mastigar e deixa o outro lado livre para respirar enquanto mastiga. Pronto! Foi estabelecida a preferência mastigatória que, muito provavelmente, irá acompanha-lo por toda a vida junto com o uso predominante da boca para respirar.
E o que tem de mais nisso?
Tem que esta criança já estará respirando pela boca há muito tempo e isso leva, entre outras complicações, a alteração do formato do palato duro (o céu da boca), sendo assim a língua não encontra local adequado para permanecer, quando os dentes começarem a erupcionar (aparecer), ficarão tortos ou muito para fora. Esta alteração na arcada dentária irá alimentar a dificuldade de mastigar bilateralmente (dos dois lados) e a respiração nasal. Torna-se um ciclo vicioso; a função altera a forma e a forma altera a função.
A criança respiradora oral come rápido, mastiga de boca aberta e de um lado só. Fica agitada e irritadiça, com pouca atenção, sem qualidade de sono, sente muito sono durante o dia e tem baixo rendimento escolar. Por vezes pode passar equivocadamente por hiperativa ou portadora de déficit de atenção.
Esta criança vai crescer pensando que está mastigando corretamente e vai se tornar um adulto que mastiga mais de um lado do que do outro. Este adulto, muito provavelmente, manterá as características de agitado e irritado ou transformará em tensão corporal e ou bruxismo, muita tensão na cintura escapular (cabeça, pescoço e ombros), sem contar as alterações posturais que podem surgir a partir disso e um tônus muscular mais “molinho”.
Chegará um dia em que esse adulto, provavelmente após os 30 anos de idade, irá olhar-se no espelho e perceberá a sua face diferente um lado do outro. Então, ele recorrerá a artifícios da medicina estética ou plástica para tentar corrigir a assimetria facial juntamente com a flacidez da bochecha e do lábio, vai tentar diminuir as rugas verticais dos lábios, a papada do pescoço, o olhar cansado, etc.
Se ele não tiver passado pela avaliação de uma fonoaudióloga, talvez nunca imagine que tudo isso possa ser em decorrência (ou no mínimo agravado) da alteração da funcionalidade dos órgãos fonoarticulatórios (língua, lábios, dentes, bochechas...). E nem saberá que através da fonoaudiologia ele pode minimizar esses aspectos inestéticos que se instalaram na face, sem falar nas orientações e encaminhamentos a profissionais adequados que podem auxiliar a melhorar a qualidade de vida desse indivíduo.
O que fazer?
Tratar e corrigir o que for possível. O que não for mais passível de ser alterado ou tratado que se desenvolva técnicas que auxiliem na qualidade de vida e no convívio com a patologia.
Que profissionais procurar?
As questões funcionais e\ou estéticas devem ser avaliadas pelo fonoaudiólogo.
As questões respiratórias podem ter um fundo alérgico ou estrutural por isso é importante procurar o médico alergista e médico otorrinolaringologista.
As questões dentárias devem ser vistas, primeiramente, pelo odontologista, se necessário, ele encaminhará ao ortodontista ou ao especialista em Articulação Temporomandibular (ATM).
A postura deve ser avaliada por profissional da fisioterapia (minha preferência é pelos profissionais com formação no método de cadeias musculares) e ou médico ortopedista. 
NOTA: o texto acima é meramente ilustrativo, não representa o curso fiel da patologia. Tem a intenção, apenas, de ilustrar e alertar sobre esta patologia que pode ser insidiosa e interferir muito na qualidade de vida e estética facial das pessoas.


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