As consequências da respiração oral
são danosas e podem interferir na qualidade de vida do indivíduo desde tenra
idade até a idade madura.
Para
entender melhor vou ilustrar com uma historinha, começando bem do início...
Vamos
supor que um bebê com poucos meses de vida desenvolva uma dificuldade
respiratória qualquer. Esta por sua vez acabará se transformando em uma doença
crônica (do tipo rinite, sinusite, asma) que dificultará respirar predominantemente
pelo nariz. Ele ficará com dificuldade de mamar no peito e as mamadas se tornarão
curtas, agitadas e o bebê choroso.
O
bebê cresce um pouco e entra na fase da alimentação pastosa, continua agitado
durante as refeições e come pouco. Chega à fase da alimentação mais sólida que
exige que o bebê inicie o treino mastigatório. Então ele elege um lado para
mastigar e deixa o outro lado livre para respirar enquanto mastiga. Pronto! Foi
estabelecida a preferência mastigatória que, muito provavelmente, irá
acompanha-lo por toda a vida junto com o uso predominante da boca para
respirar.
E o que tem de mais
nisso?
Tem
que esta criança já estará respirando pela boca há muito tempo e isso leva,
entre outras complicações, a alteração do formato do palato duro (o céu da boca),
sendo assim a língua não encontra local adequado para permanecer, quando os
dentes começarem a erupcionar (aparecer), ficarão tortos ou muito para fora.
Esta alteração na arcada dentária irá alimentar a dificuldade de mastigar
bilateralmente (dos dois lados) e a respiração nasal. Torna-se um ciclo vicioso;
a função altera a forma e a forma altera a função.
A
criança respiradora oral come rápido, mastiga de boca aberta e de um lado só.
Fica agitada e irritadiça, com pouca atenção, sem qualidade de sono, sente
muito sono durante o dia e tem baixo rendimento escolar. Por vezes pode passar
equivocadamente por hiperativa ou portadora de déficit de atenção.
Esta
criança vai crescer pensando que está mastigando corretamente e vai se tornar
um adulto que mastiga mais de um lado do que do outro. Este adulto, muito
provavelmente, manterá as características de agitado e irritado ou transformará
em tensão corporal e ou bruxismo, muita tensão na cintura escapular (cabeça,
pescoço e ombros), sem contar as alterações posturais que podem surgir a partir
disso e um tônus muscular mais “molinho”.
Chegará
um dia em que esse adulto, provavelmente após os 30 anos de idade, irá olhar-se
no espelho e perceberá a sua face diferente um lado do outro. Então, ele
recorrerá a artifícios da medicina estética ou plástica para tentar corrigir a assimetria
facial juntamente com a flacidez da bochecha e do lábio, vai tentar diminuir as
rugas verticais dos lábios, a papada do pescoço, o olhar cansado, etc.
Se ele não tiver
passado pela avaliação de uma fonoaudióloga, talvez nunca imagine que tudo isso
possa ser em decorrência (ou no mínimo agravado) da alteração da funcionalidade
dos órgãos fonoarticulatórios (língua, lábios, dentes, bochechas...). E nem
saberá que através da fonoaudiologia ele pode minimizar esses aspectos
inestéticos que se instalaram na face, sem falar nas orientações e
encaminhamentos a profissionais adequados que podem auxiliar a melhorar a
qualidade de vida desse indivíduo.
O que fazer?
Tratar e corrigir o que
for possível. O que não for mais passível de ser alterado ou tratado que se
desenvolva técnicas que auxiliem na qualidade de vida e no convívio com a
patologia.
Que profissionais
procurar?
As questões funcionais
e\ou estéticas devem ser avaliadas pelo fonoaudiólogo.
As questões respiratórias
podem ter um fundo alérgico ou estrutural por isso é importante procurar o
médico alergista e médico otorrinolaringologista.
As questões dentárias
devem ser vistas, primeiramente, pelo odontologista, se necessário, ele
encaminhará ao ortodontista ou ao especialista em Articulação Temporomandibular
(ATM).
A postura deve ser
avaliada por profissional da fisioterapia (minha preferência é pelos profissionais
com formação no método de cadeias musculares) e ou médico ortopedista.
NOTA: o texto acima é meramente ilustrativo, não representa o curso fiel da patologia. Tem a intenção, apenas, de ilustrar e alertar sobre esta patologia que
pode ser insidiosa e interferir muito na qualidade de vida e estética facial das
pessoas.